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sábado, 30 de abril de 2011

Château de Versailles 2011

Oswaldo Montenegro - Estrada Nova



Ela sabia que seria a última vez, ela o abraçou, abraçou novamente, apertou seu peito junto ao dele, tão frágil. Não sabia se deveria ir, ou ficar ali junto, nunca mais ela veria seus os olhos cheios de lágrimas. Pegou sua mão tão fina, tão lisa e teve a vontade de não deixá-lo, mas tinha que partir. Partir, deixando um pedaço seu, para uma vida nova, distante. Não ouviria mais a sua voz, nem o seu assobio, enquanto fazia a barba, nem mais os seus chinelos, arrastando na casa.
Ela desceu com as malas os três pisos, e voltou correndo para lhe dar o último abraço: - Mais um beijo, pai.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Solidão

O silencio do oculto
O silencio do que não foi dito
O silencio do beijo que não foi beijado
O silencio do abraço que não foi dado
O silencio da espera daquele que não voltou
O silencio do pranto que ninguém viu.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Missão cumprida


Eu me submeto à tua cor, ao teu calor, às ondas do mar na praia, ao som das gaivotas no ar, para encontrar-me quando o dia amanhecer. Serei a dona de mim e do que hoje eu viver, cada um será a minha religião, para depois dormir, já cansada, quando a noite chegar e novamente te esperar

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Desejo que desejes

Eu desejo que desejes ser feliz de um modo possível e rápido,
desejo que desejes uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis,
que desejes coisas simples como um suco gelado depois de correr ou um abraço ao chegar em casa,
desejo que desejes com discernimento e com alvos bem mirados. Mas desejo também que desejes com audácia,
que desejes uns sonhos descabidos e que, ao sabê-los impossíveis,
não os leve em consideração,
mas os mantenha acesos,
livres de frustração,
desejes com fantasia e atrevimento,
estando alerta para as casualidades e os milagres,
para o imponderável da vida,
onde os desejos secretos são atendidos. Desejo que desejes trabalhar melhor,
que desejes amar com menos amarras,
que desejes parar de fumar,
que desejes viajar para bem longe e desejes voltar para teu canto,
desejo que desejes crescer e que desejes o choro e o silêncio,
pois através deles somos puxados pra dentro,
eu desejo que desejes ter a coragem de se enxergar mais nitidamente. Mas desejo também que desejes uma alegria incontida,
que desejes mais amigos,
e nem precisam ser melhores amigos,
basta que sejam bons parceiros de esporte e de mesas de bar,
que desejes o bar tanto quanto a igreja,
mas que o desejo pelo encontro seja sincero,
que desejes escutar as histórias dos outros,
que desejes acreditar nelas e desacreditar também,
faz parte este ir-e-vir de certezas e incertezas,
que desejes não ter tantos desejos concretos,
que o desejo maior seja convivência pacífica com outros que desejam outras coisas. Desejo que desejes alguma mudança,
uma mudança que seja necessária e que ela não te pese na alma,
mudanças são temidas,
mas não há outro combustível para essa travessia.
Desejo que desejes um ano inteiro de muitos meses bem fechados,
que nada fique por fazer,
e desejo,
principalmente,
que desejes desejar,
que te permitas desejar,
pois o desejo é vigoroso e gratuito,
o desejo é inocente,
não reprima teus pedidos ocultos,
desejo que desejes vitórias,
romances,
diagnósticos favoráveis,
mais dinheiro e sentimentos vários,
mas desejo,
antes de tudo,
que desejes,
simplesmente.
Martha Medeiros

domingo, 10 de abril de 2011



Fica este vazio, uma vontade de voar, de ser uma gaivota, sem destino, cortando os céus.Preciso parar de pensar que ainda há tempo, o tempo não pára e vai me empurrando como seu fosse uma folha caida de uma árvore, num dia qualquer. Preciso aceitar os meus dias sem sal, nem açucar.O que vivi , não viverei mais,preciso viver o hoje. Fico pasma quando me dou conta que a vida que eu pensava em viver, não é, exatamente, esta que estou vivendo.Esta é a minha vida, a minha sina.Este é o meu segredo e também o meu desespero.Sou a responsável pelos meus dias e se pudesse voltar, seria diferente? Seria mais feliz,ou estaria vivendo como agora? Não vou desejar outra vida, vou ficar comigo levando esta dúvida, sem desejar o ímpossivel.
Se eu pudesse dar-te esta manhã,eu te daria.Daria a minha janela para a vida, tu ficarias feliz e eu mais ainda.

sábado, 9 de abril de 2011

Lenine - Paciência

Muita calma,no mundo.
Aos poucos eu percebi,
Que se apaixonar é inevitável, e que as melhores provas de amor são as mais simples. Um dia percebemos que o comum não nos atrai, e que ser classificado como bonzinho não é bom. Um dia percebemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você. Um dia saberemos a importância da frase: "Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa". Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, e que não damos valor a isso! Que homem de verdade não é aquele que tem mil mulheres, mas aquele que consegue fazer uma única mulher feliz! Enfim... um dia descobrimos que apesar de viver quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer tudo o que tem de ser dito. O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras!
Mário Quintana

domingo, 3 de abril de 2011



Amanhã será teu aniversário, parabéns para ti e para mim. Para mim, porque de ti ganhei os dias que eu queria viver.
 Quando nasceste disseram, ele vai ter sorte, e hoje eu entendo isso, como sorte para mim também.
Consegues sentir a poesia no varal de roupas, dançando ao vento, na flor atacada pelas formigas, na onda do mar, no vôo dos pássaros, na beira da praia. Tanta poesia nos teus trabalhos da faculdade, pela perfeição,no teu sorriso cansado quando terminas.
Admiras o desenho perfeito do corpo dos insetos, e o teu rosto é tão lindo. Amas com tanta intensidade a todos e a tudo, e te deixa triste o sofrimento alheio, é tão nobre o teu eu.
És um menino, acompanhando um grande homem. Guarda sempre ele contigo, porque ele já ficou espantado com a tua vitória, com a tua perseverança e agora está feliz.
Sorte a minha te ter como filho!

Samuel Barber - Adagio for Strings. / Seelenrauschen - Visual Meditatio...



Namaste aos meus amigos, aqueles dos quais sinto falta, todos os dias.

Saudade

Em alguma outra vida,
devemos ter feito algo de muito grave,
Para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé , doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe,
Saudade de uma cachoeira da infância,
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais,
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu,
Saudade de uma cidade,
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar no quarto e ela na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
Se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na internet,
A encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
Se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua detestando McDonalds,
Se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia
E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.

Miguel Falabela