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sexta-feira, 25 de março de 2011

Anjos

Com a expressão de dor, cabelos em desalinho, sobrancelhas grossas e sem cor, queixou-se de dor nas costas. O dorso imitava  dunas de um deserto árido, seus olhos eram de profunda bondade, espelhavam a dor tão docilmente oculta. Falou-me das perdas, tão semelhantes as minhas, mas falou-me da inversão tão em desacordo, de perder um filho. Isto sai fora do controle, isto não é de gente nem de animal, deve ser de um ser ainda desconhecido.E, numa expressão de espanto me disse:
- Eu achava que os anjos subiam cheios de luz, mas descobri que os anjos também sofrem quando partem.
Só pude chorar devagarinho.

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