Pensei que encontraria um rapaz todo tatuado, cheio de manhas e trejeitos, com cheiro de pedra, se é que usuário tem jeito e cheiro de usuário, mas o que vi me surpreendeu. Ele era de estatura pequena, magro, mas mostrava nos olhos, uma dor calada, quase magoada da perda de um grande amor. Um amor que nascera quando era bem mais jovem, um amor que fora intenso cheio de cores, daqueles que amanhece e anoitece com a gente. Um amor que a gente espera horas por um telefone que toque, sem importar-se com o caminho, mas apenas com o final, ouvir a voz.
Inúmeras vezes esperei o telefone tocar, e quando tocava o coração pulava, saltava do peito e se não fosse o amor esperado eu dizia, não é para mim, com a voz partida, cheia de dor.
Mas quando eu ouvia a sua voz, eu tremia, como se ele estivesse vendo-me. Diga- se de passagem que o telefone era daqueles pretos, pendurado na parede.Ah, se aquele telefone falasse...! Ele diria o quanto amei, o quanto eu daria tudo por um beijo ao vivo.
Bastava aquele telefonema, no início, mas o tempo foi passando e o nosso amor aumentando, não mais seria possível só ouvir a voz, a gente queria se abraçar, se cheirar, se beijar.
Toca telefone, toca!
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