Ela estava assustada, sua vida, sua cabeça estavam mudando. Estas mudanças estavam em seus pensamentos, em seu corpo, em seus desejos. O tempo tornara-se breve, a sensação de pouco tempo, de vida curta era real e precisava correr.Correr para fazer tudo o que desejava ainda.Seus filhos precisavam estar prontos para viverem com as próprias pernas, ela, até então, funcionava como muletas. Para todos, eram adultos, mas para ela, ainda, eram crianças tropeçando nos tapetes e seus vestidos como cipós para eles.
O tempo corre e como largá-los sozinhos para caminharem? Como viver ainda os seus sonhos?Como ser a mulher, a amante que ambicionava ser? Como ter a casa sem roupas por todo lado, a mesa cheia de pratos para o almoço? Ela queria a paz sem crianças dormindo, ela queria poder ir e vir sem preocupações.
Ela chorou, gritou e seu grito a despertou, era chegada a hora de viver no seu espaço, de caminhar pela praia, gastando poucas calorias, passear porque tinha vontade de molhar os pés na água. Andar sem ter hora para chegar,sem ter que dar respostas,desculpas.Ela queria saber dos filhos já homens, pessoas responsáveis, tocando as suas vidas, para ela viver a sua, agora, tão breve vida.Sempre tivera estas responsabilidades como prioridades, mas era chegada a sua vez de viver, não como uma idosa, que se satisfaz com os domingos de casa cheia de netos e filhos gritando por tudo e com todos, com risadas na sala, com choro de crianças. Era chegada a hora de cortar o cabelo, pintá-lo de cor diferente, de viajar, de fazer casa nova, de ter com o seu marido um romance de cinema, sem medo de portas abertas. Hora de tomar um bom vinho e acordar numa manhã de chuva, ouvindo os pingos baterem na janela, sem pressa de levantar.
2 comentários:
Como sempre muito sábia.... suas palavras são sempre ensinamentos para a vida de todos!!!
grande bj de quem mto lhe admira!!
Aldry
Que bonitas palavras, a mãe sempre me surpreendendo!
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